domingo, 3 de janeiro de 2010
Por causa de um voo de helicóptero quase fui preso!
Essa história de pescador, começa tão logo quando o sol nasce. Era pra ser um dia normal, fui convidado no dia anterior, para fazer um voo de Bonanza. Acordei bem cedo, para deixar o avião preparado. Acompanhei o abastecimento, realizei a inspeção pré voo, tudo conforme manda as normas, nada além disso. Após feito isso, o comandante da aeronave se apresentou e me disse que talvez eu não poderia realizar aquele voo devido a pista de destino, ser curta e ter uma elevação considerada, então ficaria limitado demais, devido ao peso de decolagem da aeronave. É claro, fiquei a todo instante, esperando uma resposta, para vê se eu poderia ir no voo ou não. Chegaram os passageiros, e infelizmente, meu voo foi adiado. Até então, tudo normal, aviação é assim mesmo, DLA's, CHG's e CNL’s, são muito comuns. Ajudei a embarcar os passageiros, e aguardei a aeronave decolar. Logo após ter efetuado a decolagem, estava caminhando no pátio, regressando ao terminal de passageiros, uma voz ao fundo se ouviu, chamando. Era um outro piloto, perguntando se eu não queria voar de helicóptero, pois ele iria voar sozinho. Me aproximei e então ele me disse que era só passagem de ida, não tinha volta, teria que voltar de ônibus. Não pensei duas vezes, disse que sim, eu iria, pois estava “seco” de vontade de voar um helicóptero, vi ali uma oportunidade única de pilotar um. Peguei minha mochila, e na hora de entrar no helicóptero o comandante falou que para onde ele iria, era muito longe da cidade e nessa cidade mais próxima não tinha ônibus com freqüência, e então, ali parei e pensei: E agora!? – tão logo pensei, respondi, “vamos assim mesmo, tem problema não”. Entrei no helicóptero, do lado esquerdo, que foi ate interessante, já que pra nós pilotos de avião, a maior parte dos aviões o comando fica do lado esquerdo, porém do helicóptero isso não se aplica. Inspeção já realizada, cintos passados, tudo checado, pronto pra acionamento. Após iniciar a partida, aquele motor que tem um barulho estranho do Robinson R44, começou a fazer mais barulho, e após ligada a clouth, o aparelho todo começou a balançar. Até ai normal, tanto o barulho como aquela vibração, já é prevista no R44. Decolamos, e logo após a decolagem, o comandante deixou eu assumir os comandos do R44. Com movimentos muitos suaves, era necessário efetuar, pois é de tamanha sensibilidade os comandos desse helicóptero, a qual, quem voa no Aero Boero não tem. Enfim, o voo foi a baixa altura, dentro da regulamentação, estava eu curtindo o voo, e a paisagem. O piloto e eu decidimos, que Colatina seria o melhor lugar pra eu ficar, pois ali passa ônibus, de hora em hora. Com proa de Colatina, seguimos. Após uns 40 minutos de voo, que pra mim, foram inesquecíveis, avistamos a bela cidade de Colatina. O piloto perguntou aonde eu queria ficar em Colatina, perto da cidade ou no aeroporto, perguntei a ele qual era mais próximo a rodoviária, pois nunca tinha ido aquela cidade. Então ele disse que me deixaria mais próximo a rodoviária. Após um breve sobrevôo, o local pra pouso foi escolhido. O pouso ocorreu em cima de uma morro, não muito alto, mas plano o suficiente para que o pouso ali fosse seguro. Bom, após sair do R44, o piloto decolou para seu destino. Comecei a descida daquele morro, observando aonde eu estava, e vi que ali, era uma propriedade de alguém, pois estava cercada e tinha uma porteira lá embaixo, no pé do morro. Como propriedade geralmente é vigiada por alguém ou por alguma coisa, fiquei de olho pra vê se não tinha nenhum cachorro ou boi ali por perto, tendo em vista, que cachorro vai te morder, e o boi, se não gostar da sua presença, vai te da pelo menos uma carreira (experiência já vivida). Como o solo esta com erosão, fiquei cauteloso para não cair nas fendas formadas. Chegou uma hora que o morro ficou íngreme demais, e não conseguia diminuir meu ritmo de descida, e quase capotei. Após concluir com sucesso a descida, me deparei com a cerca, só que La em cima do morro tinha avistado uma porteira, porem o mato estava encobrindo. Após um minuto de observação, encontrei a tal porteira. Me livrei do mato, e comecei a pular a porteira, quando eu passei para o outro lado, e pulei, eu me virei para frente, e ai as coisas começaram a ficar ruins. Me deparei com uma viatura policial, com 3 policiais dentro. Na mesma hora eles me pararam, e não me deixaram sair daquela minha posição. Arregalei os olhos e pensei comigo: “Rodei!” Na mesma hora a policial que estava sentada no banco do carona me perguntou: “O que você esta fazendo ai? Essa é uma área de segurança da penitenciaria de Colatina.” Nossa, quando ela disse isso eu gelei, falei comigo, pronto, vi o sol nascer redondo e vou vê ele se pondo quadrado. Dali as perguntas começaram a serem feitas, que alias, foram muitas. Me perguntaram de onde eu estava vindo, pra onde eu iria. O pior de tudo, que pousamos na área da penitenciaria, e não tinha muita explicação a ser dada, ela estava achando que eu era bandido ou tentando resgatar algum preso. Mostrei meus documentos e tal, mas ela não estava digerindo as minhas explicações, porque veja só, como eu saio de Vila Velha, de helicóptero, para Colatina, sobrevoo uma penitenciaria, pouso do lado dela, e ainda quero achar uma rodoviária para poder voltar ao mesmo lugar que eu tinha saído a 45 minutos atrás!? No mínimo muito estranho, mas era a verdade. Após 25 minutos de interrogatório, explicando que focinho de porco não e tomada, eles me liberam e me indicaram a direção da rodoviária dizendo assim: “Você vai andar nessa direção aqui por uns 200 metros, la você vai encontrar um ponto de ônibus e de la você pega e vai pra rodoviária”. Eu agradeci a informação e pedi desculpas por aquele acontecimento, já que eu não sabia que aquela área ali era da penitenciaria, e que realmente não foi intencional. Após caminhar uns 200 metros vi o tal ponto de ônibus, era em frente a penitenciaria, but, antes de eu chegar la, um outro policial me abordou. Pediu para que eu acompanhasse ele para dentro da penitenciaria, para que eu fosse revistado. Nessa hora, juro pra vocês, achei que realmente seria preso. Já dentro da penitenciaria, o policial revistou a minha mochila e eu, checou meus documentos e fez uma serie de perguntas, as mesmas que os outros policias fizeram. Minutos se passaram, e os policias que me abordaram no primeiro contato, chegaram na sala aonde eu estava, e viram que a minha versão contada para eles era a mesma, e que tudo não se passou por um mal entendido, e dos grandes. Após muita conversa, sermões e outros, o policial me liberou para que pudesse seguir em frente e encontrar a tão sonhada rodoviária, estava achando que já era inalcançável, um mito praticamente. Tão longe da rodoviária eu estava, que o mesmo policial, pediu uma carona pra mim, em um caminhão, fui até uma certa parte, e me deixaram no caminho, prossegui a pé até a rodoviária, aonde eu consegui um ônibus que estava saindo naquele exato momento, um pouco de sorte as vezes não faz mal a ninguém não é mesmo!? Depois de mais de 3 horas e 30 minutos de viagem ate chegar em Vila Velha, eu cheguei aliviado, pois sabia que pelo menos ia vê o sol se por redondo. Lendo assim, até realmente parece historia de pescador, mas aconteceu comigo, Pedro Santuchi, exatamente como descrito. Por que tudo acontece comigo?
E você, tem algo a nos contar? Mande sua história vivida no ACES, que nós colocaremos no ar!
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